Tarifa de 50% ameaça café brasileiro nos EUA e pode agravar alta de preços nas prateleiras

Antes mesmo da nova ameaça comercial, o tradicional cafezinho dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos já vinha pesando mais no bolso. Em maio de 2024, um pacote de café torrado e moído de 450g custava, em média, US$ 5,99. Um ano depois, o mesmo produto já ultrapassa US$ 7,93, o que representa uma alta de 32,4%.

Agora, com a possível implementação de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, o cenário pode ficar ainda mais amargo — e não estamos falando de sabor. A medida ameaça não só aumentar ainda mais os preços, como também afastar o café brasileiro das prateleiras dos supermercados americanos.

Segundo o especialista em exportação Ruben Santana, a nova tarifa pode forçar empresas a buscar alternativas mais baratas em outros mercados. “Vai ficar mais barato substituir o café brasileiro por produtos de países como Colômbia, Etiópia ou Honduras. Mas o consumidor vai sentir a diferença”, afirmou.

A substituição, no entanto, não é simples. Grãos brasileiros são reconhecidos internacionalmente por sua doçura natural e corpo encorpado, características difíceis de encontrar em outras origens. Grandes marcas como Starbucks, Dunkin’ e Tim Hortons utilizam o grão nacional em seus blends justamente por causa dessas qualidades.

Em meio à incerteza, importadores correm contra o tempo para garantir o máximo de estoque possível antes do dia 1º de agosto, data prevista para a entrada em vigor da tarifa. A corrida é justificada pela dependência do mercado americano em relação ao Brasil: o país é o maior produtor mundial de café e exporta cerca de 85% de sua produção. Os Estados Unidos, por sua vez, são o principal comprador, absorvendo 16% de todo o café exportado pelo Brasil. No consumo interno americano, o grão brasileiro representa aproximadamente 30% do total consumido.

Mais do que uma questão de comércio, essa possível tarifa levanta um alerta sobre os impactos diretos no dia a dia de milhões de consumidores e produtores. Se confirmada, a medida poderá gerar perdas econômicas, desabastecimento e, claro, um café menos saboroso para começar o dia.