Nova política na Flórida autoriza patrulheiros estaduais a atuarem como agentes de imigração

IMIGRAÇÃO

Karlla Marinho

5/14/20252 min read

É oficial: a Patrulha Rodoviária do Estado da Flórida (FHP) agora tem autonomia para aplicar leis federais de imigração, sem precisar acionar ou aguardar autorização do governo federal.

Em um movimento inédito e controverso, mais de 100 patrulheiros foram empossados como delegados especiais dos Estados Unidos, com poderes equivalentes aos de agentes do ICE (Imigração e Alfândega), conforme anunciou esta semana o governador Ron DeSantis.

“Tantas vezes, esses motoristas ilegais já tinham outras infrações — dirigir embriagado, condução imprudente, entre outros. Se tivéssemos essas políticas em vigor, algumas dessas tragédias poderiam ter sido evitadas”, afirmou DeSantis durante coletiva em Tampa.

Até então, os agentes da FHP, ao se depararem com imigrantes indocumentados com antecedentes criminais, eram obrigados a notificar o ICE e aguardar instruções. Na prática, isso significava que muitos acabavam liberados por falta de resposta imediata das autoridades federais.

Com a nova diretriz, a FHP poderá identificar, deter e iniciar o processo de deportação diretamente, sem intermediação. O governador destacou que a medida pretende evitar tragédias causadas por motoristas ilegais reincidentes — especialmente os envolvidos em acidentes fatais.

A ação é parte da expansão dos acordos 287(g), que autorizam forças estaduais e locais a colaborar com o ICE. De acordo com o governo da Flórida, mais da metade dos acordos em vigor nos EUA hoje estão no estado. A parceria já teria resultado em mais de 1.100 prisões, incluindo membros de organizações criminosas como MS-13 e Tren de Aragua.

Além de segurança, DeSantis argumenta que a nova política reduz pressão sobre escolas, hospitais e serviços públicos da Flórida, ao desestimular a entrada ilegal no estado.

No entanto, a medida não passou despercebida por organizações de direitos civis e defensores de imigrantes, que alertam para os riscos de perfis raciais, abordagens abusivas e separações familiares.

“Delegar autoridade federal a policiais estaduais sem supervisão adequada aumenta o risco de discriminação racial e abusos de poder”, afirmou em nota a American Civil Liberties Union (ACLU) da Flórida.

A política amplia o papel da Flórida na repressão à imigração ilegal, e reacende o debate sobre os limites da atuação de estados frente às competências do governo federal em temas migratórios.