Medo da deportação faz disparar envio de dólares de imigrantes nos EUA
ECONOMIAINVESTIMENTO


As remessas de dólares enviadas por imigrantes que vivem nos Estados Unidos cresceram de forma significativa nos primeiros meses de 2025. Segundo dados oficiais, cidadãos da Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua aumentaram em 20% o envio de dinheiro para familiares em seus países de origem, somente no primeiro trimestre deste ano.
Entre os brasileiros que residem nos EUA, o movimento também é evidente. O principal motivo? O medo da deportação. Diante do endurecimento nas políticas migratórias e da instabilidade jurídica de quem vive sem documentação, muitos têm optado por garantir que seus recursos estejam em segurança no país natal, caso tenham que deixar os Estados Unidos de forma repentina.
“É compreensível que, diante da instabilidade imigratória, muitos optem por enviar dinheiro para o Brasil ou para o país de origem”, explica a advogada Ana Carolina Tedoldi, especializada em planejamento patrimonial. “Mas é fundamental estar atento à forma de envio, pois operações feitas sem seguir as normas legais podem ser enquadradas como lavagem de dinheiro ou evasão de divisas.”
Se, por um lado, há imigrantes com medo de perder o que construíram, por outro, cresce o número de brasileiros com perfil investidor que estão fazendo o caminho inverso: dolarizando o patrimônio. O objetivo é proteger o capital diante da instabilidade econômica e da volatilidade cambial do Brasil.
“O aumento da procura por investimentos dolarizados e a abertura de contas fora do país é uma tendência clara”, diz Tedoldi. “O objetivo é preservar o poder de compra, principalmente entre os investidores que temem a desvalorização do real e o impacto da carga tributária brasileira.”
De acordo com o Banco Central, o Brasil registrou uma saída líquida de US$ 8,297 bilhões em março de 2025 — o maior volume já registrado na série histórica. O dado mostra que, enquanto muitos enviam recursos por necessidade, outros o fazem por estratégia, em um cenário onde a movimentação de dólares reflete incertezas e planos para o futuro.