Mais de 1 milhão de imigrantes deixam os EUA voluntariamente após retorno de Trump à presidência
IMIGRAÇÃOPOLÍTICA
Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, mais de um milhão de migrantes em situação irregular decidiram deixar o país por conta própria. Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), trata-se de um recorde histórico, que agora está sendo usado como exemplo para incentivar outros imigrantes indocumentados a tomarem a mesma iniciativa.
A saída voluntária, segundo especialistas, pode evitar complicações legais maiores, como prisão imediata e até a proibição de entrada futura, além de abrir brechas para uma eventual regularização em outros processos migratórios.
“O governo está oferecendo até uma espécie de ajuda de custo para quem optar por retornar de forma voluntária. Esse processo pode ser feito pelo aplicativo CBP Home, facilitando os trâmites”, explicou o advogado Leopoldo Faiad.
Medo como principal motivação
Apesar da narrativa oficial, organizações de direitos humanos afirmam que a decisão de tantos migrantes de sair do país por conta própria está mais ligada ao clima de medo e perseguição que voltou a se instalar desde a posse de Trump.
“Nos últimos meses, as ações do ICE em tribunais, residências e locais de trabalho criaram uma sensação constante de insegurança. Muitos preferem sair por conta própria do que viver com o risco diário de detenção”, disse Faiad.
Crescimento nas deportações e prisões
De acordo com números oficiais, só nos primeiros 100 dias do governo Trump, mais de 135 mil pessoas foram deportadas. Hoje, o número já ultrapassa 207 mil, um aumento expressivo em relação aos últimos anos.
Dados do governo brasileiro mostram que mais de 800 cidadãos do Brasil estão entre os deportados.
Na Flórida, a situação é ainda mais preocupante: o estado concentra um dos maiores ritmos de prisões migratórias do país. Enquanto a média nacional de detenções pelo ICE dobrou — de menos de 300 para cerca de 666 por dia —, no estado o número triplicou, saltando de 20 para aproximadamente 64 prisões diárias desde 20 de janeiro.
“É um cenário que reflete não apenas a política federal mais dura, mas também a prioridade que estados como a Flórida estão dando às ações de imigração”, destacou Faiad.
Um futuro incerto
Especialistas apontam que, embora a saída voluntária possa parecer uma opção estratégica, ela também representa um retrato de como as políticas migratórias endurecidas estão impactando a vida de milhares de pessoas.