Green card não é um direito, mas uma concessão que pode ser revogada nos EUA
IMIGRAÇÃOPOLÍTICA


A prisão e a ameaça de deportação de Mahmoud Khalil, ex-estudante da Universidade de Columbia e apontado como líder das manifestações pró-Palestina em universidades americanas, acenderam um alerta sobre a vulnerabilidade dos imigrantes nos Estados Unidos. O caso reforça que o green card, embora conceda permissão para viver e trabalhar permanentemente no país, não é um direito absoluto, mas sim uma concessão que pode ser revogada em determinadas circunstâncias.
"O green card não encerra a jornada imigratória. Ele pode ser cancelado caso o portador viole regras específicas de imigração ou se envolva em atividades que comprometam a segurança nacional", explicou Mauro Cavanha, advogado especializado em imigração.
Além de crimes e fraudes, um estrangeiro pode perder o status de residente permanente caso seja associado a grupos terroristas ou endosse atividades que o governo considere uma ameaça. No entanto, segundo especialistas, para que haja a revogação com base nessas acusações, as autoridades precisam apresentar provas materiais.
"Casos como o de Khalil, que está sob investigação, mostram como as leis de imigração podem ser rigorosas. A participação em determinados movimentos pode levar a uma análise mais detalhada do histórico do imigrante e até mesmo ao cancelamento do green card", ressaltou Cavanha.
O cancelamento do green card é mais comum do que se imagina. Entre as razões mais frequentes estão a prática de crimes, passar mais de seis meses fora dos Estados Unidos sem justificativa plausível, deixar de declarar imposto de renda ou ter cometido fraude no processo de obtenção do documento.
"Se o green card for revogado, o imigrante ainda pode tentar recorrer na justiça, dependendo do caso. Mas a melhor estratégia é sempre garantir que todas as regras sejam cumpridas para evitar riscos", destacou Cavanha.
Em janeiro do ano passado, os Estados Unidos registravam quase 13 milhões de residentes portadores de green card. A maioria obteve o benefício por meio de laços familiares, emprego ou status de refugiado. O documento tem validade de 10 anos, mas após cinco anos de residência, o imigrante pode solicitar a cidadania americana.
"A cidadania garante direitos iguais aos dos cidadãos americanos natos e elimina o risco de deportação, mas para conquistá-la é essencial manter uma ficha limpa e cumprir todas as exigências legais", finalizou Cavanha.