Brasileiro é preso pelo ICE nos EUA durante processo de legalização por casamento: caso gera repercussão internacional
IMIGRAÇÃO
A prisão de Guilherme Lemes Cardoso e Silva, de 35 anos, ganhou destaque na imprensa dos Estados Unidos e do Brasil. O brasileiro, casado com uma cidadã americana, foi detido no último dia 11 de julho, por agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA), na cidade de Friday Harbor, no estado de Washington.
Segundo informações divulgadas pela rede americana NBC, Guilherme foi abordado pelos agentes a caminho da escola da filha que teve em um relacionamento anterior. Sua esposa, Rachel Leidig, grávida de sete meses, relatou que o marido estava com o processo de solicitação do green card em andamento desde o ano passado, após o casamento entre eles. Ela afirmou ainda que ele não possui antecedentes criminais, trabalha legalmente como artista visual, e que "não havia justificativa clara para a prisão".
Em nota oficial, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos informou que Guilherme estava no país com um visto de turista expirado desde 2017. O ICE destacou que atua com base em informações migratórias e mandados ativos, podendo efetuar prisões mesmo quando há processos de legalização em curso, especialmente quando existem violações anteriores ou pendências migratórias. A agência não comentou detalhes específicos do caso, mas reafirmou que todas as detenções seguem protocolos federais rigorosos.
Especialista comenta
Em entrevista ao blog, o advogado de imigração Mauro Cavanha, que atua em casos semelhantes, explicou que situações como a de Guilherme não são incomuns. “Mesmo que o imigrante esteja legalmente casado com um cidadão americano e com o processo de green card em andamento, o ICE pode intervir se houver algum histórico de violação de status migratório, como permanência com visto vencido ou entrada irregular no país”, destacou.
Segundo Cavanha, a prisão em meio a um processo de legalização pode ser evitada em alguns casos com a solicitação prévia de proteções legais, como o stay of removal ou deferred action. “Mas isso depende da análise de cada caso, do histórico do imigrante e do estágio em que está o processo junto ao USCIS”, explicou.
O advogado alertou ainda para a importância de buscar orientação legal desde o início do processo migratório. “Muitos casais acreditam que o casamento resolve tudo de forma automática, mas a realidade do sistema de imigração americano é muito mais complexa”, completou.
Repercussão e mobilização
O caso gerou comoção entre amigos, familiares e ativistas na região de Friday Harbor. Rachel, a esposa de Guilherme, disse à imprensa local que está lutando para garantir a liberação do marido e que acredita em uma solução justa. “Estamos vivendo um pesadelo. Ele é um homem de bem, trabalhador, e estava fazendo tudo certo”, declarou.
Até o momento, não há confirmação oficial sobre a data da audiência de imigração de Guilherme, nem sobre a possibilidade de soltura sob fiança.